Desde quando chegamos aqui a pergunta que não quer calar sempre é "quanto tempo vamos ficar por aqui"... A resposta só o tempo dirá a nós mesmo. O tempo do mestrado , talvez, nos de essa resposta, mas no momento nem mesmo nós sabemos. Se esta valendo a pena, posso hoje responder que sim, e muito, mas prefiro viver o presente e assim plantar a resposta para o futuro, de qualquer forma a experiência de hoje será de grande valia para quando a resposta chegar.



“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

- Amyr Klink -

Porque escolhemos a cidade de Calgary.

Quando começamos nossas pesquisas sobre onde morar no Canadá, estávamos realmente cheio de dúvidas, meu marido sempre sonhou em fazer mestrado, nunca fez porque teria que se ausentar de Teresina, incluindo o trabalho. Então ele tinha em mente em quem sabe realizar esse sonho no Canadá. Então resolvemos pesquisar as cidades onde existia o mestrado na linha de pesquisa que ele gostaria de fazer. Ele resolveu ser “cara de pau” e tentar em contato com os professores das universidades onde encontrou o mestrado e explicando a situação (que estava no processo de imigração, na vontade de fazer mestrado, falando um pouco da sua experiência...), logicamente ele recebeu muita porta na cara, afinal o visto nem era certeza ainda, foi quando depois de muitas investidas ele resolveu escrever para um professor da UofC.

Hoje acredito que nada é por acaso, esse professor da UofC foi muito solícito e ainda o convidou para participar de um projeto para fazerem um artigo juntos para ser publicado num congresso nos EUA, o professor gostou muito dos resultados, e como nada é por acaso esse professor foi participar de um congresso internacional de computação em Fortaleza e conseguiu para o meu marido todos as despesas de passagem, alimentação e hospedagem, fornecidas pela universidade, e os dois se conheceram pessoalmente ainda do Brasil , o professor foi bem claro “gostei do seu trabalho, aplique para o mestrado que se você for aceito serei o seu orientador”, como nada é por acaso não tivemos mas dúvidas qual cidade iríamos morar no Canadá. Nosso visto saiu exatamente na mesma semana do resultado do mestrado e para ficar ainda melhor, recebeu um convite para ser aluno fulltime e receber bolsa de estudo. Dois grandes sonhos foram realizado!

O pensamento de hoje vai todo para o meu marido, afinal o mérito foi dele. =)

"Destino não é uma questão de sorte, mas uma questão de escolha; não é uma coisa que se espera, mas que se busca."

-William Jennings Bryan-

Vistos em mãos, e agora????

Desde quando nasceu o sonho de morar no Canadá a vida da gente não ia mais para frente e nem para trás, e medida que os dias iam passando e o visto chegando não sabíamos mais pensar e falar em outra coisa, chegou um ponto que devíamos ser os “chatos da família” por mais que tentávamos esquecer um pouco não conseguíamos. Uma coisa talvez nos arrependemos, de termos vivido mais o presente ao invés de sonhar com o futuro. Nos isolamos muito dos amigos, de saídas e até da família.

O visto enfim chegou, não era mais nenhuma surpresa para nós, mas parecia algo inacreditável que no nosso passaporte estava carimbado “Imigrante” ,que o sonhado Canadá estava nos aceitando como novos residentes no país... Um sonho realizado!
Nessa altura já tínhamos reservado nossas passagens, mas só podíamos realmente comprar quando estivéssemos com os passaportes em mãos, ordem da companhia air Canadá, afinal iríamos comprar a passagem só de ida.

Compramos as passagens e ainda esperamos um mês e meio para a viagem, a ansiedade estava a flor da pele, uma mistura de sentimentos que talvez só quem já passou por isso poderia explicar. Um sentimento de dor, revolta , saudade antecipada, choros as escondidas... Bom não quero escrever sobre isso, ainda não...O preço da saudade é grande.

E chegou o grande dia, 6 malas, 1 mochila e 1 mala de mão, conseguimos não ultrapassar os limites exigidos pela companhia aéria e não pagamos excesso de bagagem.

Deixamos para trás a família, meus gatos, meus cachorros, um calorão brabo, um dia antes da viagem havia feito 42 graus em Teresina. Mas levamos conosco muita esperança e motivação para que possamos fazer vale a pena.

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia...E se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre,à margem de nós mesmos.

-Fernando Pessoa-

Como tudo começou...

Com certeza cada pessoa que já saiu do seu país com o intuito tentar morar deve ter uma historinha de como tudo começou. Acho que boa parte de todos nós sempre sonhamos em morar fora do seu país, mas para mim esse sonho não passava de um sonho. Então hoje vou contar resumidamente como nasceu esse sonho e como nos preparamos em 2 anos para darmos entrada no processo de imigração. No ano de 2004 ,um conhecido do marido conseguiu uma vaga para trabalhar em uma multinacional em São Paulo então veio perguntar se ele topava uma vaga nessa empresa tb , mas para trabalhar na Colômbia, o salário era até bem atraente e eu logo fiquei empolgada, fazia curso de espanhol na época e achei o máximo a chance de praticar a língua, porém tinha o problema do inglês, que ele iria precisar no trabalho, mas por vários motivos acabou nem dando certo esse tal emprego (ainda bem).

A partir desse dia nasceu o sonho de tentar algo novo, que podia ser em alguma multinacional, mas não tinhamos a menor vontade de ir morar em cidades como Rio e São Paulo . Chegamos a pensar nos nos EUA, já que meu marido tem uma irmã que está morando há 8 anos lá, mas todos nós sabemos que entrar no EUA é muito difícil e sem o inglês, impossível. Então começamos apenas a pensar nessa possibilidade, mas nem sabiamos para onde e quando, estavamos completamente sem rumo. Em uma noite de dezembro conversando com uma amiga que mora no Canadá (ela conheceu um canadense quando morava em Fortaleza, se apaixonou e lá se foi de mala e cuia para as terras geladas) falavamos sobre procurar oportunidades fora de Teresina, foi quando ela comentou que a área de informática no Canada era super valorizada e que conhecia vários brasileiros que imigraram para o Canadá e la se foi o bla,bla,bla explicando como proceder. Naquele dia ela encheu minha cabecinha de vento com um monte de sonhos, bastavamos direcionar nosso caminho, fui dormir pensando sobre isso. No dia seguinte fui comentar esse bate papo via MSN , eu jurava que ia ser chamada de louca-varrida e que eu tinha enloquecido de vez com essa história de procurar outras oportunidades , mas não, para minha grande surpresa, ele agarrou esse sonho com unhas e dentes. Eu sou louca, eu não sabia nada de inglês, ele até sabia ler bem, mas nada de falar e escutar . Em dezembro/2004 nasceu esse sonho e em janeiro/2005 nos matriculamos no inglês, lá fui eu começar do zero. Juro que se meu marido não tivesse agarrado esse sonho de Canadá , que eu inventei, eu com meu fogo de palha teria desistido . Meu marido foi o aplicante do processo de imigração e em 2 anos me encheu de orgulho e admiração, estudou como nunca,devorou livros, revistas, filmes com legenda e sem legenda e assim finalizou o curso de inglês com nota Ä do começo ao fim , no dia 12/12/06, terminou o curso e ainda foi o orador da colação de grau, exatamente no dia que recebemos a carta da abertura do nosso processo, não poderia existir uma data melhor para a comemoração ser em dobro, não é ?! O nosso processo durou um ano e meio e foi finalizado em junho de 2008. Esse um ano e meio foi uma época onde a nossa vida não ia nem para frente e nem pra trás, foi muito desgastante porque a vida tinha que continuar normalmente, afinal não sabíamos se teríamos o visto aprovado. Mas foi muito bom essa espera, enquanto o marido se acabava de estudar o inglês eu pesquisei tudo que podia sobre o país, aprendi muito, muito mesmo,valeu pela bendita espera.

"Só depois que ultrapassamos as dificuldades,entendemos porque elas foram colocadas ali".

Remembrance Day

Hoje é um dia muito importante para o Canada, dia 11 de novembro, Remembrance Day, é a data dedicada aos combatente mortos (veteranos) durante as guerras mundiais.

O símbolo desse dia eh uma flor de papoula(igualzinha essa da foto).Essa florzinha é ventida em todos os lugares com o preço simbólico de $0,50 , é realmente muito importante para o país o significado dessa data, a grande maioria da população usa essa florzinha no casaco e muitos usam a criatividade e usam presos em seus gorros, cabelos ,mochilas e onde a criatividade mais deixar. Então as 11 horas, do dia 11 do mes 11, todos devem prestar uma homenagem ficando 2 minutos em silencio para honrar os veteranos de guerra que morreram em combate. É realmente uma grande homenagem por aqui e logicamente um grande feriado.

Como chegamos a pouco tempo e ainda não entramos no clima desse feriado, resolvemos aproveitar o dia na casa de amigos como bom brasileiros que ainda somos.